Não é de hoje que a gasolina, o diesel e outros derivados do petróleo têm se tornado cada vez mais caros. Em 2020, os combustíveis já encareceram e os valores que pareciam ter atingido patamar já suficientemente elevado, subiram mais degraus em 2021. A alta pesou no bolso do consumidor.
Não só no Brasil, estimativa aponta que a gasolina nos Estados Unidos pode aumentar para valor recorde em sete anos.
Em algumas cidades norte-americanas custava US$ 3,14 (cerca de R$ 16,23) quase US$ 1,00 a mais do que em julho do ano passado. No Brasil, um galão custa, em média US$ 4,22 (ou R$ 21,82, na cotação atual).
Segundo o site GlobalPetrolPrices, que monitora o valor do combustível, Hong Kong tem o galão de gasolina mais caro do mundo, a US$ 9,66. Enquanto a Venezuela tem o mais barato, custando US$ 0,076. No Reino Unido, onde a gasolina é mais cara do que no Brasil, um galão custa US$ 6,95.
Mas o que fez o preço da gasolina subir tanto, não só no Brasil, mas no mundo todo? No ano passado, com o distanciamento social e mais pessoas em casa, a demanda por petróleo caiu, sendo que muitos países tinham grandes estoques do combustível. Aqui vale aquela história: estoques cheios e baixa procura empurraram os preços para baixo.
Os valores do petróleo ficaram abaixo de zero pela primeira vez na história. No dia 20 de abril de 2020, o petróleo cru dos EUA fechou em US$ 37 o barril (cerca de R$ 195 na época), marca que poucos imaginavam que seria ultrapassada.
Mais de um ano depois, a situação é oposta. A demanda voltou com boa parte das pessoas retornando aos seus trabalhos presenciais. Os sinais se inverteram e o salto para o positivo foi alto. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA na sigla em inglês), a demanda mundial por petróleo vai superar o nível pré-pandemia no fim de 2022.
Os preços sobem também porque, no mundo, a oferta de petróleo está reduzida. Países como os Estados Unidos, Arábia Saudita, Rússia, Canadá, China, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Brasil, Irã e Kuwait são responsáveis pelo abastecimento mundial do produto.
Esse cenário, porém, pode ser atenuado depois de esperado acordo entre países da Opep e aliados como a Rússia. Eles decidiram aumentar a produção para conter a escalada nos preços do barril. A oferta diária vai 400 mil barris até o fim do ano que vem. A mudança passa a valer em agosto.
Esse passo, como explica a comentarista de economia, só o mercado pode desafogar a demanda e, mais que tudo, o medo da inflação, o vilão mundial do pós-pandemia.
No momento, a oferta é muito menor do que a demanda e o fato de países mais desenvolvidos estarem se recuperando economicamente está intrinsecamente ligado a alta dos preços. Com países como Estados Unidos e China se recuperando, a produção aumenta, as pessoas voltam a viajar de avião, por exemplo e isso consome muito petróleo.
Além disso, no Brasil, ainda que o aumento na oferta de petróleo alivie os preços, a cotação do dólar em relação ao real afeta diretamente o valor do combustível. Com a valorização da moeda norte-americana em detrimento do real, os preços sobem.
Os impostos no Brasil também impulsionam os preços. Metade do valor do combustível no Brasil é imposto. A única maneira que se tem para reduzir o custo do combustível sem intervir na Petrobras é por meio da diminuição dos impostos, o que poderia alterar o impacto do dólar alto, entre outros.
Enquanto isto, nosso bolso fica cada vez mais vazio!
Texto: João Sibirino
Adaptação: Jornal Minuano
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