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Foto do escritorRedação JM

Enfermeira de Saldanha Marinho fala sobre sua recuperação da Covid-19

Na tarde de quarta-feira (20), a reportagem JM entrou em contato, via WhatsApp, com a enfermeira de Saldanha Marinho Carine Ferrari Aime, para falar sobre sua recuperação, após ser diagnosticada com a Covid-19.

Carine tem 33 anos e trabalha na linha de frente de combate ao Coronavírus em Saldanha Marinho.

JM: Quando tudo começou? Quais foram os primeiros sintomas?

Carine: Os sintomas se intensificaram no domingo (03), quando retornei do trabalho com forte cefaleia (dor de cabeça), intensa mialgia (dor no corpo), calafrios e febre.

JM: Como você acha que aconteceu o contágio?

Carine: Já refiz meus passos várias vezes, não tenho certeza, mas pode ter sido na retirada dos EPIs, durante atendimento a paciente ou até mesmo em uma das coletas que foram confirmadas como positivo posteriormente.

Por mais que usamos os EPIs que são preconizados, acabou ocorrendo a contaminação. O vírus é altamente transmissível e estamos em contato direto.

JM: Quais as primeiras medidas tomadas? Fez teste rápido ou coletou material para o Lacen?

Carine: Primeiramente conversei com o médico e posteriormente com a enfermeira responsável pela Vigilância, os quais optaram pela coleta imediata, pelo fato de apresentar sintomas característicos da doença e ter contato direto com pacientes que confirmaram positivo.

Realizei a coleta através de swab nasal e orofaringe que foi encaminhada para o Lacen. De imediato iniciei isolamento social, junto aos meus familiares.

JM: Fez uso de alguma medicação antes da internação?

Carine: Coletei na terça-feira (05) e o resultado chegou somente na quarta-feira (06) à noite. Iniciei com medicamentos para dor e febre de imediato. Com a orientação de que se tivesse qualquer piora, entrar em contato com a equipe.

JM: Fale sobre sua melhora:

Carine: Como não ocorreu melhora, mas sim agravamento de alguns sintomas e outros surgiram, entrei em contato com nosso pneumologista, que orientou a ida até Ijuí para realização de exames e avaliação com clínico, pneumologista e infectologista. Iniciei o tratamento adequado para a Covid-19, a domicílio. Recebi liberação para retornar para casa, com o acordo de que se notasse piora retornar, ou na segunda-feira (11), reavaliar e repetir os exames.

Quando retornei na segunda-feira (11), ocorreu piora significativa na tomografia e exames laboratoriais, embora não tenha doença crônica ou comorbidades. Então, o pneumologista comunicou que internaria para o quadro não se agravar mais, pois segundo ele, mais um dia não teria resposta positiva para o tratamento e a situação pioraria.

Começou com medicações endovenosas, seguiu protocolo espanhol, onde teve muito sucesso, evitando possível internação em UTI e entubação.

Graças a Deus, medicina e enfermagem, respondi muito bem ao tratamento realizado. Exames eram realizados diariamente para acompanhar a evolução da melhora.

Na tarde de quinta-feira (14), recebi alta para prosseguir com o tratamento em casa.

JM: Deixe mensagem para os que estão passando por este momento delicado:

Carine: É um momento complicado e de muita reflexão passar por esta situação. Sou da área da Saúde, portanto sabia tudo o que poderia vir pela frente. Foi muito difícil, tanto as consequências da doença, como o afastamento de quem amamos.

Agradeço imensamente a todos pelas orações, ligações, mensagens e pensamentos positivos recebidos. Com a graça de Deus estou me recuperando bem. Fica a experiência dolorida, porém positiva da possibilidade da cura.

Peço que todos tomem os devidos cuidados e sigam as orientações solicitadas. Precisamos mudar o pensamento de que enquanto é com nosso semelhante, está tudo bem.

Este vírus age em cadeia, se não tomarmos os cuidados necessários pode acontecer a contaminação e as tão tristes mortes que vemos perto de nós. Vale a pena se cuidar, por nós e pelos que vivem ao nosso lado.

Sou enfermeira na linha de frente do combate ao Coronavírus, mãe de duas crianças, um menino de três anos e meio e uma menina de oito meses, a qual amamento. Meu esposo fez cirurgia cardíaca, então tive que ficar afastada deles. Além da saúde física abalada, a dor emocional da separação dos que amamos.

Se cuide. Vale a pena!



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