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  • Foto do escritorRedação JM

Morreu ícone dos ícones da comunicação brasileira!

Silvio Santos influenciou em diversas atividades na televisão no Brasil durante décadas e tinha histórico de proximidade com governantes do país. Dono do SBT morreu no sábado (17), aos 93 anos.

Por seis décadas, o Brasil se acostumou a parar diante da televisão aos domingos para assistir a Silvio Santos, ex-camelô e ex-paraquedista, que se dividiu entre as atividades de empresário e animador de auditório, com público de todas as idades, especialmente feminino.

De carisma invejável e estilo único, "o patrão" do canal televisivo SBT morreu em São Paulo. Deixou a viúva Íris Abravanel, seis filhas, 14 netos e 04 bisnetos.

Líder das colegas de trabalho que enchiam o auditório mais feminino do Brasil para vê-lo de perto. Silvio Santos foi o primeiro a desafiar o poderio da concorrente, por acreditar em uma televisão diferente, com maior apego popular. De camelô, ao homem do Baú, Senor Abravanel, nome de batismo de Silvio Santos, nasceu no dia 12 de dezembro de 1930, na Lapa boêmia do centro do Rio de Janeiro, próximo da Praça da Cruz Vermelha.  O pai, Alberto, era comerciante judeu sefardita nascido na Grécia, e a mãe, Rebeca, uma jovem de origem turca que emigrou para o Brasil. Senor e seus cinco irmãos trabalharam desde cedo para ajudar nas despesas da casa.

A veia de empreendedor se manifestou aos 14 anos, quando se tornou camelô ao notar a margem de lucro obtida com a venda nas ruas. Começou com capas para título de eleitor e canetas, mercado aquecido naquele momento com o fim anunciado do Estado Novo de Getúlio Vargas e a realização da primeira eleição direta para presidente em 15 anos. O garoto chamava a atenção do público anunciando os produtos com truques de mágica, enquanto o irmão ficava de olho no chefe da fiscalização. Curiosamente, foi o próprio fiscal o primeiro a perceber o talento do jovem Senor e, ao invés de autuá-lo, mandou que procurasse um amigo na Rádio Guanabara. Concorrendo com outros 300 participantes, ganhou o primeiro lugar e foi contratado como locutor, porém, sem abandonar a profissão de ambulante.

Alguns anos depois, durante as viagens de barca entre o Rio e Niterói (onde batia ponto na Rádio Continental), fechou contrato para instalar alto-falantes na barca e passou a anunciar produtos e tocar música para entreter os passageiros. Além da música e anúncios, na linha Rio-Paquetá foram acrescentados bar e bingo animado pelo próprio Senor, que, já se apresentava como Silvio Santos.

Em São Paulo, trabalhando na Rádio Nacional, conheceu Manoel de Nóbrega (radialista e pioneiro da televisão brasileira, criador e apresentador da Praça da Alegria). O velho Nóbrega, a quem chamava de pai de São Paulo, amigo próximo até sua morte, em 1976, foi quem ofereceu participação no negócio que seria a grande virada em sua vida: o Baú da Felicidade. A venda de carnês com pagamentos mensais para a retirada de um produto no final do processo foi a mina de ouro sobre a qual o ex-camelô construiu seu império.

Impulsionados pela propaganda nas caravanas de artistas e shows que Silvio fazia por cidades do interior, os carnês do Baú se tornaram um fenômeno. É dessa época o apelido "peru que fala", por enrubescer ao cair na gargalhada na frente do público, muitas vezes envergonhado das próprias piadas.

Após a estreia na televisão em junho de 1960, com o programa “Vamos Brincar de Forca”, na TV Paulista, futura TV Globo de São Paulo, o já reconhecido Silvio Santos percebeu que seu lugar era em frente às câmeras. Com os dividendos do Baú, comprou duas horas de programação aos domingos na mesma emissora. No dia 02 de junho de 1963, iniciou o Programa Silvio Santos, reconhecido mundialmente pelo livro de recordes Guiness como o mais longevo programa televisivo de variedades de auditório com o mesmo apresentador.

Enquanto o programa abocanhava mais horas da programação aos domingos, a vida empresarial de Silvio Santos se desenvolvia de acordo com as necessidades geradas pelos próprios negócios. Ao notar o potencial comercial da atração, Silvio criou empresa de corretagem de anúncios e, em seguida, produtora para realizar os comerciais veiculados.

Cumprindo a legislação, abriu concessionária de carros para sorteá-los no programa e, pelo mesmo motivo, entrou para o ramo da construção com o objetivo de oferecer casas nos sorteios da televisão. Assim também nasceu a ideia de ter o seu próprio canal de televisão, motivada pelas dificuldades na renovação de contrato com a Globo. Sobre o assunto, declarou certa vez: “Eu fui dono de televisão porque os donos de televisão fecharam as portas para mim. Quando se fecha uma porta, Deus abre uma janela. Eu não nasci dono de televisão, eu nasci animador de programas, continuaria sendo animador de programas se os homens não fossem tão vaidosos, tão poderosos”.

Em 14 de maio de 1976, estreava sua primeira emissora, a TV Studios (TVS), no canal 11 do Rio de Janeiro. O programa do dono só estrearia três meses depois, após o término do contrato com a Globo.

O próximo passo aconteceria na década seguinte, com a fundação do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e grade de programação recheada de atrações populares. Por muitos anos, a emissora manteria a segunda posição isolada no Ibope, atrás apenas da Globo.

Boa Noite Cinderela, Tudo por Dinheiro, Namoro na TV, Qual é a Música? Domingo no Parque, Cidade contra Cidade e Porta da Esperança são alguns dos mais de 120 formatos e quadros desenvolvidos pelo Programa Silvio Santos.

Para compor a banca de jurados do Show de Calouros, escolheu figuras que passaram a integrar o imaginário brasileiro. Apostou em novos nomes, revelando apresentadores como Gugu Liberato (1959-2019), Celso Portiolli, as apresentadoras infantis Eliana e Mara Maravilha, a atriz e apresentadora Maisa Silva e a filha Patrícia Abravanel que, aos poucos, foi assumindo seu posto na programação dominical.

Reinventou Jô Soares, à frente de talk show diário, além de dar à Hebe Camargo o título definitivo de primeira-dama da televisão brasileira.

A partir dos anos 1990, a popularidade de seus programas de auditório passou a influenciar o estilo de programação dos demais canais. Viúvo de Maria Aparecida (Cidinha) e pai de duas meninas (Cíntia e Silvia), casou-se em 1981 com Íris, com quem teve mais quatro filhas, Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata. Costumava se referir a elas durante os programas como filha número um, filha número dois e assim por diante. A exemplo das filhas, a esposa Íris migrou para a área artística e se tornou dramaturga. Passou a assinar o texto de novelas do SBT, a maior parte dedicada ao público infantil, como os remakes da mexicana Carrossel e do sucesso argentino Chiquititas.

Mesmo tendo entrado tardiamente na disputa política, as pesquisas lhe davam cerca de 30% das intenções de voto, superando Fernando Collor de Mello, que acabaria vencendo o pleito.

Dos períodos mais difíceis, destacam-se o sequestro da filha Patrícia e a subsequente invasão de sua casa, quando foi mantido como refém por quase oito horas, em 2001.

Gravou pela última vez o Programa Silvio Santos em setembro de 2022, tendo feito aparições esporádicas desde então na maratona televisiva Teleton, para recolher doações para diferentes causas sociais e à frente da cerimônia anual do Troféu Imprensa, que premia artistas e programas em diferentes categorias após avaliação por bancada de jornalistas.

Nos últimos anos, Silvio curtia a aposentadoria na companhia da família, entre a casa do Morumbi e a propriedade em condomínio na Flórida. Em vídeos das filhas nas redes sociais, aparecia vestindo pijamas espalhafatosos e bem-humorado. Ao responder à pergunta que lhe faziam sobre o segredo de seu sucesso: A sorte.

O bordão mais correto de Silvio para mim, é que “do mundo não se leva nada. Vamos sorrir e cantar!” Sentimentos de pesar. Que Deus conforte a família Abravanel!


 




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