Mesmo com o avanço da vacinação contra o Coronavírus, o Brasil pode voltar a ter novo pico de infecções e mortes pela doença este ano, segundo projeções efetuadas por pesquisadores da Ação Covid-19.
O estudo, intitulado “possíveis cenários da pandemia no Brasil sob diferentes durações de proteção vacinal”, leva em conta a taxa média de proteção das vacinas aplicadas no país contra casos sintomáticos da doença, CoronaVac (50%), Janssen (66%), AstraZeneca (76%) e Pfizer (95%), e eventual queda do nível dos anticorpos conferidos em dois cenários, após 12 e 18 meses.
A campanha de imunização começou no Brasil em 17 de janeiro, com profissionais de saúde, seguidos de idosos.
Possíveis cenários da pandemia sob diferentes durações de proteção vacinal, cidades anunciaram aberturas totais, público retorna a estádios, concertos e grandes festejos são anunciados. Uma aparente onda de otimismo percorre o país graças à queda do número diário de mortes e ao avanço da vacinação. As boas novas, no entanto, não se sustentam sem políticas públicas e monitoramento adequado. Dependendo da duração da imunidade obtida com as vacinas, novo pico de infecções pode ocorrer já em março do próximo ano, revelou pesquisa do grupo Ação Covid-19.
Eventual novo pico de infecções não seria tão alto quanto o último, quando se chegou a mais de 4 mil mortes diárias, mas ainda poderia provocar a perda de muitas vidas, passando de 0,25% da população em algumas cidades. Segundo os pesquisadores, chegar à cobertura vacinal completa não significa eliminar o vírus, mas permite que políticas públicas sejam implementadas para controlar melhor os efeitos de eventual perda de imunidade na população.
Novo quadro de alta mortalidade e caos hospitalar pode ser evitado se o poder público estiver atento, monitorando de perto o início dos surtos e pronto para decretar novas medidas de proteção não farmacêuticas antes que o número de infecções se descontrole. Não é hora de decretar o fim da pandemia. É hora de retomar as atividades com o máximo de cuidado possível, monitorando a curva epidêmica. Perigo é que o vírus, circulando muito e com parte da população imunizada, acabe gerando mutação que dribla a resposta induzida pela vacina, advertem epidemiologistas.
No mundo todo tivemos atitudes irresponsáveis, governos decretando a volta da normalidade, jornalistas tirando máscaras ao vivo e contagem regressiva para festas. Nesses mesmos lugares, os casos dispararam e as mortes voltaram a crescer. Observando a alta de casos e mortes em países com vacinação adiantada, como EUA e Israel, os pesquisadores decidiram investigar o que poderá ocorrer no Brasil, onde o poder público está promovendo o retorno à plena normalidade das atividades, com a vacinação ainda em etapas.
Os pesquisadores simularam dois conjuntos de cenários para o biênio 2021/2022. No primeiro, a imunidade das pessoas vacinadas dura 12 meses e, no segundo, 18 meses. Cada cenário é simulado para diferentes tipos de ambientes e municípios com alta ou média densidade demográfica, cidades com maior ou menor índice de proteção à Covid.
O grupo Ação Covid-19 adverte que ainda não há dados confiáveis sobre a duração da imunidade conferida pelas vacinas. Os números usados em pesquisas se baseiam em estimativas da comunidade científica internacional.
O Rio Grande do Sul ultrapassou 40 mil mortes. Santa Bárbara do Sul tem 48 e Saldanha Marinho 14 vítimas do Coronavírus. Os cuidados ainda devem ser observados principalmente em eventos de grandes aglomerações.
Texto: João Sibirino
Adaptação: Jornal Minuano
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