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Foto do escritorRedação JM

O que está acontecendo no maior território indígena do Brasil?

Mais de 30 mil yanomamis em 386 comunidades sob à sombra da desnutrição, pneumonia, malária e verminoses. Têm ainda as invasões e a violência constante de garimpeiros ilegais.

A maior reserva indígena do Brasil vive situação de grave crise sanitária e humanitária. Assiste o pior cenário de devastação ambiental. A Terra Indígena Yanomami possui 9 milhões de hectares. Está localizada nos estados do Amazonas e de Roraima, na fronteira com a Venezuela. Ao todo há oito povos, incluindo os Yanomami. São considerados de recente contato com a população não indígena. Uma parte deles continua sem contato ou influência externa: são os Moxihatëtëa, na região da Serra da Estrutura, ao Sul de Roraima. Se alimentam apenas do que caçam e cultivam na floresta. Os invasores podem diminuir a caça. O desmatamento acaba com as ervas medicinais. Os Yanomami vivem em questão disso, se mantêm dentro da aldeia. Isso também fragiliza e coloca em risco os povos isolados.

O território Yanomami foi demarcado em 22 de maio de 1992 por Fernando Collor, então presidente da República. O processo perdurou por 15 anos sob extensa batalha, inclusive com articulação internacional. Naquela época, cerca de 40 mil garimpeiros foram expulsos do território. Trinta anos depois, criminosos ocupam a Terra Indígena. Transmitem doenças mortais, como a malária e poluem os rios com mercúrio.

Pecuaristas também invadem e desmatam a fronteira leste das terras. Estima-se que atualmente 20 mil invasores vivem no território para exploração de minério, proibida em áreas indígenas.

“Tem que respeitar a nossa terra. A terra é patrimônio, patrimônio que protege nós. A mineração vai destruir a natureza. Vai destruir os igarapés e os rios, e matar todos os peixes e o meio ambiente e vai matar nós índios. E vai trazer doenças que nunca antes existiam na nossa terra.”

Nos últimos quatro anos, a devastação da floresta e dos rios mais que dobrou na Terra Indígena Yanomami, saltou de 1,2 mil hectares em 2018 para 3,2 mil em 2021. Ambientalistas alertam há tempos que as atividades ilegais resultam em destruição da floresta, prejudicam a caça, contaminam rios, bem como deixam o solo infértil para plantações.

Em abril do ano passado, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) divulgou relatório com o raio-x de invasões dentro da terra Yanomami. Houve avanço de 46% do garimpo ilegal em 2021, na comparação com 2020. No total, 273 comunidades são afetadas diretamente pelo crime, ou seja, 56% da população do território.

No Ministério Público Federal de Roraima há inúmeras investigações criminais sobre a atividade, mas todas correm em sigilo. Nesse mesmo documento, indígenas, pesquisadores e antropólogos relatam que os garimpeiros exigem sexo com mulheres e meninas indígenas como moeda de troca por comida. Pelo menos três adolescentes adoeceram e morreram em 2020 após os abusos praticados pelos invasores. Com as constantes invasões, as refeições dos indígenas (normalmente compostas por feijão, arroz, mandioca, peixe e carne de caça) ficam enfraquecidas, e eles adoecem. Sem nutrição, os adultos não têm forças para buscarem alimentos às crianças, que ficam debilitadas e se tornam presas fáceis para doenças como malária, verminoses e até diarreia. A insegurança também fez com que postos de saúde fechassem as portas.

O governo federal diz que 570 crianças Yanomami morreram em razão do avanço do garimpo ilegal nos últimos quatro anos. Quase 100 mortes ocorreram só em 2022 e mais de 11,5 mil casos de malária foram registrados. A falta de investimento na saúde nos últimos anos também é ponto grave, pois a reserva tem unidades com estrutura precária. “Tomaremos medidas urgentes diante dessa terrível crise humanitária imposta contra nossos povos, oferecendo todo suporte necessário a eles”, declarou Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.

Como um dos meios para reverter a crise na Terra Indígena Yanomami, assim como em outros territórios da Amazônia alvos constantes de criminosos, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) disse, em nota, ser imprescindível, ao mesmo tempo, que dê os passos necessários, e de forma imediata para a retomada da política de demarcação e proteção dos territórios indígenas, com os recursos necessários para isso e com a superação firme e determinada da falaciosa tese do marco temporal.

O governo anunciou medidas para livrar os Yanomami da situação de calamidade, como o envio imediato de suplementos e alimentos, e prometeu acabar com o garimpo ilegal. Em paralelo, o Ministério da Saúde decretou Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.

O que aconteceu com o satélite Amazonia 1 que foi colocado em órbita pela agência espacial indiana? O satélite faz parte da Missão Amazonia 1, cujo objetivo era fornecer dados de sensoriamento remoto para monitorar o desmatamento e a agricultura no País.

Por que o previsto não aconteceu até hoje e a Amazônia está cada vez mais desmatada?

Texto: João Sibirino

Adaptação: Jornal Minuano


 


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