Redação JM
Paralimpíadas: lição esuperação de vida!
Foi emocionante acompanhar esportes olímpicos nos últimos meses. Ao assistir as Olimpíadas se pensa: essas pessoas dedicam toda uma vida a um sonho de medalhas. Tenho que ter esta garra e determinação para fazer algo da minha vida.
Chegam as Paralimpíadas, você vai para a frente da televisão e surge outra reflexão: tenho de parar de reclamar da minha vida.
Evidentemente que por trás do movimento olímpico e paralímpico existe uma série de interesses políticos e financeiros. A disputa por comandar federações e confederações que movimentam volumosas receitas e orçamentos, além de mídia, política e prestígio são gigantescos. Até por isso, alguns dirigentes fazem de tudo para se perpetuar no poder.
Contudo, por um momento vamos deixar de lado a politicagem no esporte e nos concentrar nos feitos puramente esportivos. Ser atleta não é fácil. Ser atleta olímpico é um mérito para poucos.
Dentro desta seleta categoria, não existe outra forma de definir os atletas paralímpicos a não ser como absolutamente excepcionais. E não excepcionais como antigamente, de forma errônea e excludente, designava-se as pessoas com deficiência. Excepcionais no sentido de que são extraordinários, incríveis e inspiradores.
Um exemplo que impressionou tanta gente ao redor do mundo que acabou viralizando. Aos 48 anos, o egípcio Ibrahim Hamadtou chocou os espectadores que acompanharam os Jogos Paralímpicos de Tóquio. Ele é um dos atletas da classe 6, quanto maior a numeração, maior a deficiência, na disputa do tênis de mesa. A questão é que Ibrahim perdeu os dois braços em acidente ferroviário quando tinha 10 anos. Dessa forma, ele joga tênis de mesa de maneira absolutamente peculiar e heroica. Segurando a raquete com a boca. Sim, com a boca. Então, como ele faz para lançar a bolinha para o alto antes de dar o saque? Simples, ele usa os pés.
Ibrahim não apenas consegue praticar tênis de mesa como o faz em nível absolutamente admirável, de elite do esporte. Mesmo sem os dois braços, ele muito provavelmente para não dizer certamente derrotaria qualquer um de nós em disputa.
Resiliente a ponto de não desistir de seus sonhos esportivos mesmo depois do trágico acidente de infância, Ibrahim diz que escolheu praticar o tênis de mesa justamente pelo desafio que isso iria lhe impor. Fazer um esporte que muitos considerariam impossível de ser praticado dadas as condições físicas dele. Ou seja, ele escolheu algo que demandaria o maior sacrifício possível de ser feito.
Os brasileiros e nenhum atleta de nenhuma nacionalidade, não ficam atrás. Nadadores sem membros do corpo não apenas conseguem nadar, como nadam de forma competitiva e com tempos inacreditáveis, mesmo se considerarmos uma pessoa sem deficiência. Jogadores de futebol sem nenhuma visão conseguindo fazer jogadas incríveis. Pessoas com severas limitações atingindo feitos fantásticos.
Na Paralimpíada, as histórias de superação se sucedem. Diferentemente da superação no esporte, são histórias de superação de vida. De superar as adversidades para simplesmente conseguir viver. É de ficar emocionado!
Portanto, quando você acordar reclamando da vida, seja pelo motivo que for, lembre-se de Ibrahim e de tantas outras pessoas que nos dão estas lições diárias. Levante a cabeça, sacuda a poeira, dê a volta por cima e vá à luta!