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  • Foto do escritorRedação JM

Hitler e Putin: Tire sua conclusão!

O “reductio ad hitlerum” foi uma das falácias mais comuns no debate europeu. Nas últimas décadas, as esquerdas atacaram todos os seus adversários à direita com esta falácia. Até Merkel foi caricaturada dessa forma. A comparação foi tão utilizada que perdeu o significado, tal como a palavra fascismo. Mas agora, sim, faz sentido falarmos em fascismo e Hitler, porque Putin e o pan-eslavismo da Rússia são formas contemporâneas de fascismo belicista e a mente de Putin é muito parecida com a de Hitler. Não estou dizendo que a III Guerra é inevitável. Não estou falando que a Rússia conseguirá matar inevitavelmente na escala do nazismo. Estou a dizer que a forma mental da cultura russa pan-eslava é parecida à forma mental da pan-germânica. É uma forma mental que só reconhece a guerra como palco de disputa e só pela mesma, seja ela qual for, poderá ser derrotada.

São de fato impressionantes as semelhanças entre a Rússia de Putin e a Alemanha de Hitler. Ambas operam em redor da força motriz do ressentimento. Hitler jurou aos alemães que iria se vingar da derrota na I Guerra e das humilhações que se seguiram nos anos 1920. Putin jurou aos russos que iria se vingar da derrota na Guerra Fria e das humilhações, reais e sonhadas, dos anos 1990. Putin andou dizendo isto durante mais de vinte anos e, mesmo assim, o ocidente político e o histórico do fim de história não quis ver.

Quando o islamismo se tornou grave problema de segurança após o nove de novembro, o ocidente também teve dificuldades em compreender os islamistas. Eles eram bem claros nos seus princípios de radicalidade religiosa, mas o ocidente não era capaz de compreender esses pressupostos porque não conseguia pensar com variáveis religiosas. O fim de história na Europa cortou a imaginação dos europeus, que passaram a reduzir tudo à economia e a questões técnicas. Em relação ao ressentimento histórico de Putin, os europeus também estavam desarmados, porque não conseguiam pensar nos termos clássicos da política internacional, nação, guerra, poder, ascensão e orgulho.

Ora, se a história europeia pós-1945 tem sido de meia culpa e de separação que avalia cada pátria através de critério moral universal, a trajetória russa pós-1989 tem sido a do nacionalismo ressentido que recusa fazer meia culpa e que transforma a sua dor no único sofrimento legítimo do mundo, o veneno do relativismo que rejeita qualquer critério universal. A Rússia pós-1989 é assim igual à Alemanha pós-1918. Como diz Timothy Snyder no livro, o tirano, o efeito psicológico de Hitler continua ativo em soldados alemães mesmo no ano final, 1945. A forma como Hitler conseguiu canalizar o ressentimento para a vingança da nação foi mesmo o suporte mental da geração que passou pelo calvário de 1918 a 1930. E, se repararem, Putin tem mais de 20 anos de queixume e de ressentimento sobre o passado. Fez da vingança em relação ao passado o modo operandi de uma nação intercontinental.

Estamos num momento único na história da humanidade. Não há mapa mental para o que temos pela frente. Como lidar com o fascismo nuclear? Na verdade, ninguém sabe como parar Putin, disse pesquisador.

Então resta orar para que Deus tenha piedade de nós e que o milagre aconteça!


 


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