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  • Foto do escritorRedação JM

Fome mundial!

Cerca de 828 milhões de pessoas no mundo vão para a cama com fome todas as noites. É o que mostrou o relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura). Depois de permanecer quase inalterado desde 2015, o número de pessoas afetadas pela fome cresceu em quase 150 milhões desde o início da pandemia, mais 103 milhões entre 2019 e 2020, e outros 46 milhões em 2021. A fome mundial aumentou ainda mais em 2021, como reflexo das profundas desigualdades dentro e entre os países durante a recuperação econômica no período pós-crise sanitária, conforme apontou o relatório. As projeções não são nada otimistas: aproximadamente 670 milhões de pessoas ainda deverão passar fome até 2030. Esse esforço liderado pela Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu como uma de suas prioridades o combate à pobreza e à fome. Será absolutamente triste reconhecer que, passados 15 anos, corremos o risco de não alcançar qualquer avanço em temas tão fundamentais para a dignidade humana.

No Brasil, a situação é grave. De acordo com o relatório da FAO, mais de 60 milhões de brasileiros enfrentam algum tipo de insegurança alimentar, ou seja, 3 em cada 10 habitantes do país. Os últimos números da pesquisa revelaram piora preocupante da fome no nosso país. O Brasil também voltou ao Mapa da Fome da ONU. Segundo dados da SOFI 2022, a Prevalência de Subalimentação, entre os anos de 2019 e 2021 foi de 4,1%, representando cerca de 8,6 milhões de pessoas. Segundo a FAO, um país passa a integrar o Mapa da Fome quando apresenta índice maior que 2,5%.

O paradoxo da insegurança alimentar é revoltante. Nele, a produção de alimentos, os desperdícios e população com fome extrema coexistem simultaneamente. Em 2021, o Brasil alcançou produção suficiente para alimentar 1,6 bilhão de pessoas. No mesmo ano, a indústria de alimentos alcançou faturamento de R$ 922,6 bilhões, representando aumento de 16,9% em relação ao ano anterior. Em meio a tanta abundância, um número choca: 33,1 milhões. É o total de pessoas que, hoje, estão em situação de insegurança alimentar grave. Em outras palavras, 15,5% de toda a nossa população passa fome todos os dias. Diante desse cenário, a primeira pergunta que nos vem à mente é: por que produzimos tanto e, ainda assim, estamos tão famintos?

Há fatores mais conjunturais, como a pandemia de Covid-19, os conflitos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia e a inflação que atinge todos os países de economia globalizada. Mas há também questões estruturais, como as desigualdades sociais, os efeitos da mudança climática, além de perdas e desperdícios na produção e no consumo de alimentos. O combate à fome deve ser encarado como desafio urgente e coletivo. Como sociedade, é inadmissível seguir aceitando a coexistência de abundância e escassez.

Em 2019, já foi discutido sobre o potencial das foodtechs e destacava como essa seria agenda fundamental para o nosso futuro. A insegurança alimentar tem sido tema central para o Brasil, que já acelerou muitas soluções, para o combate à fome.

Não tenho dúvidas de que o Brasil pode ser protagonista nas discussões globais sobre a segurança alimentar, mas, para isso, será preciso olhar com atenção para as nossas políticas internas, trabalhar na recuperação da nossa reputação internacional, investir no desenvolvimento científico e, acima de tudo, batalhar pela proteção dos nossos recursos naturais e pelo direito das pessoas.


 


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